Nuno Moreira, CEO da Dourogás, marcou presença no debate digital do projeto “50 para 2050”, iniciativa do Expresso e BP, no qual foi lançada a questão “Estará Portugal a tomar medidas de transição energética que não conseguirá suportar em termos económicos e de infra-estruturas energéticas?”.
As opiniões dividiram-se neste encontro, que contou também com a presença de Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), Luís Mira Amaral, ex-ministro da Energia; Otmar Hübscher, CEO do grupo Secil e Miguel Lobo, diretor de desenvolvimento de negócios da Lightsource BP.
É sabido que a transição energética é um processo complexo, que envolve muito investimento e vários setores, não estando focado apenas nas energias renováveis, mas também na eficiência energética nos edifícios e na indústria, no armazenamento de energia, no hidrogénio verde e até numa melhor gestão dos resíduos florestais.
É também um processo que provém de um compromisso assumido com a União Europeia (UE) e que, por isso, está alinhado com as metas europeias de neutralidade carbónica em 2050.
Será que a economia portuguesa consegue suportar tudo isto?
“A UE emite apenas 8% ou 9% do carbono mundial e Portugal emite apenas 0,11%. Se estivermos em linha com as metas europeias já é muito bom, já implica um esforço muito grande da economia. Devemos ser realistas e não querer ser líderes europeus”, referiu Mira Amaral.
Pedro Amaral Jorge refuta a ideia de que Portugal está a fazer de mais. “A transição energética é uma oportunidade de captar investimento e criar um outro setor económico – não associado aos combustíveis fósseis – que, a par do turismo, possa contribuir para o PIB”. Além disso, realça, que os investimentos que estão planeados não vão ser “investimento público, mas sim privado”.
Para Pedro Amaral Jorge não faz sentido não aproveitar os recursos naturais que Portugal tem e, ao mesmo tempo que se ajuda o planeta, ajuda-se a economia a crescer e a criar empregos.
Um dos recursos naturais que Portugal pretende usar mais nesta próxima fase da transição energética é o sol e, segundo Miguel Lobo, não só “o custo dos painéis solares desceu 20 vezes em 10 anos” como “em Portugal, o mesmo painel produz até 60% mais que, por exemplo, na Alemanha”.
O hidrogénio verde é outra das apostas da transição energética e “será uma das melhores soluções para a indústria, incluindo a exportadora, e para os transportes pesados”, diz Nuno Afonso Moreira.
Um processo que deve ser feito “devagar” defende Mira Amaral, considerando o investimento em hidrogénio ainda elevado e, por isso, não tão competitivo. Já Pedro Amaral Jorge considera que, com o aumento que está previsto para os preços cobrados às indústrias pelas emissões de carbono, aderir ao hidrogénio não ficará mais caro.
Fonte: Expresso